Velo-City 2018 – Da Europa para a América Latina: uma longa viagem

Em sua 10ª edição, o Velo-City chega, pela primeira vez, à uma cidade latinoamericana. Melhor ainda, brasileira!

Durante os dias 12 a 15 de junho, o Rio de Janeiro recebeu a maior conferência internacional sobre mobilidade urbana. O evento aconteceu logo após o Bicicultura e atraiu pessoas de todos os cantos do mundo. Nós participamos dos 4 dias de evento e compilamos aqui alguns olhares sobre essa edição!

O evento teve como cenário um dos Armazéns do Pier Mauá, na região portuária do Rio de Janeiro. Uma região recém revitalizada, pelo Projeto Porto Maravilha, que fez com que a ocupação dos espaços no entorno do pier mudasse significativamente nos últimos anos.

Ao chegar no local, um grande bicicletário montado para o evento acolheu nossas bicicletas. Apesar das vagas em paraciclos espalhados pelos Armazéns, do Pier, a bicicleta ainda não é a principal forma de chegar até lá.

Entrando no espaço do evento, alguns stands de empresas e organizações aguardavam ansiosos para contar suas novidades e promessas para os próximos anos. Percebemos a predominância de sistemas de bicicletas compartilhadas vindas de algumas cidades do mundo.


Além delas, também estavam lá os anfitriões do Velo-City 2019: Dublin!

Ao longo dos 4 dias, percebemos uma predominância grande de brasileiros de diversas regiões e cidades, palestrando nos 4 palcos distribuídos pelo evento. Para nós, isso mostra que estamos buscando de diferentes formas de fazer acontecer as mudanças nas cidades do país.

Durante o evento desenrolamos nosso inglês e espanhol e trocamos figurinhas com congressionalistas e palestrantes de outros países. Nessas conversas, eles nos contaram sobre a nítida diferença em relação às edições anteriores do evento. Muitos nos comentaram, com espanto, que o movimento no Brasil é composto e puxado, muitas vezes, por organizações da sociedade civil, diferentemente do que acontece em seus países. Um reflexo da falta de políticas públicas pensadas para a mobilidade urbana.

Destacamos a participação do Coletivo La Frida na apresentação inicial do evento e em outros momentos. O coletivo, que nasceu em Salvador, na Bahia, mas já se espalhou para outras cidades do Brasil, foi representante das poucas participações de mulheres negras nas plenárias e platéia do evento, apresentando projetos como Casa La Frida, La Frida Café e Preta vem de bike, que trabalha para o empoderamento e protagonismo de mulheres negras na ciclomobilidade.  

Além, claro, dos anjos e, principalmente, as anjAs de nossa rede, que estiveram presentes no evento, nas atividades internas e externas e que, mesmo não apresetando, obrigatoriamente, ações feitas pela rede Bike Anjo, mas sim suas teses, pesquisas e projetos, representaram as mulheres e se fortaleceram para ações efetivas para a discussão de gênero nas agendas de mobilidade urbana.

Acompanhamos o painel “Changing behaviour for a better life” (Mundanças de comportamentos para uma vida melhor) que falou sobre mudanças de hábitos e de culturas para construir uma cidade mais saudável e igualitária. Neste painel, o russo, Vladimir Kumov, contou como um pedal nacional no país conseguiu engajar pessoas (e empresas!) a aderirem a bicicleta como meio de transporte. Trocamos uma ideia com ele para pensarmos em como agregar forças para nossa campanha De Bike ao Trabalho e percebemos que estamos indo pelo caminho certo: ele nos disse que é um trabalho de formiguinha, contou que foi um trabalho insistente, que iniciou há anos e ganhou forças com a rede que foi formada ao longo dessas ações.

Ainda nessa mesa, JP Amaral, um dos idealizadores do Bike Anjo, compartilhou, em primeira mão, os resultados de uma Pesquisa de Impacto realizada ao final de 2017 e que vem sido analisada afim de entender melhor o comportamento e perfil dos usuários e anjos da rede.

 

O ponto alto do evento foi a plenária da quinta-feira a tarde. Com o tema “Advocacy for Inclusion” (Advocacy para inclusão) que contou com a participação de Manuel Araújo, prefeito de Quelimane em Moçambique, Rui Mesquita, do projeto Mozambikes, também de Moçambique, e Murilo Casagrande do Aro 60, de São Paulo.

Esse momento nos trouxe mais reflexão e inspiração por nos identificarmos com a situação do país africano e ver que a bicicleta lá é um recurso que traz qualidade de vida e VIDA – literalmente. O prefeito Manuel Araújo mostrou friamente para o público que o acesso aos serviços básicos, como saúde e educação pela população de sua cidade só foi possível por conta das bici taxis mostrando que a bicicleta por lá é único meio de transporte acessível por grande parte da população.  O Aro 60 também nos trouxe muito orgulho e empatia em sua apresentação, ao apresentar o trabalho realizado pelo Aro junto à pessoas que vivem nas periferias de São Paulo e dando voz às mulheres que fizeram os cursos “Viver de Bike” oferecidos pelo Instituto.

Também tivemos participações dos amigos da mobilidade a pé, muito bem representados pela Corrida Amiga, com Silvia Stuchi, Cidade Ativa, com Rafaella Basile, Sampapé, com Leticia Sabino.

De sua última edição, na Holanda, para esta, no Brasil, notamos que, ainda que estejamos falando de um assunto em comum, os cenários, necessidades e desafios de cada território são muito específicos. Percebemos que ainda temos uma longa jornada pela frente: enquanto uns pensam em cidades do futuro, outros estão pensando em como diminuir as desigualdades sociais e barreiras geográficas de suas cidades e países.

No próximo ano, o evento desembarcará em Dublin, na Irlanda.
E, em 2020, volta para a América Latina, dessa vez, no México!

 

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