Depois do sucesso do primeiro Fórum Nordestino da Bicicleta, realizado em 2015 na cidade do Recife/PE, Fortaleza abriu suas portas e ciclovias para receber diversos atores ligados ao ativismo e a bicicleta. Entre os dias 11, 12, 13 e 14 de novembro o Nordeste se reuniu para discutir e trocar experiências de como podemos atuar como sociedade civil, organizada ou não, para influenciarmos nas políticas públicas e mudança cultural por meio da bicicleta.
O FNEBici é realizado de forma colaborativa por associações da região Nordeste: ACIRN (Natal/RN), Ameciclo (Recife/PE), Ciclo Urbano (Aracaju/SE), Ciclomobilidade (Maceió/AL), Ciclovida (Fortaleza/CE) e Mobicidade (Salvador/BA), com apoio do Bike Anjo e UCB que atuam em âmbito nacional.
O primeiro dia do FNEBici foi uma boa festa no quintal do Theatro José de Alencar, o principal teatro da cidade. Bons (re)encontros fizeram dessa abertura uma coisa bem mais íntima e sem protocolos dando a oportunidade de confraternizar e integrar todos os participantes.
Nos dias seguintes, fomos bem recebidos na Sec. Especial de Políticas sobre Drogas, onde todas as discussões em salas fechadas ocorreram, além da boa novidade desta edição, o FNE BICIM (bem cearense mesmo!), espaço feito para mães, pais e, principalmente as crianças.
A primeira Mesa de discussões trouxe a temática Movimentos Sociais e Bicicleta, composta integralmente por mulheres. Ju Dolores (Marcha das Vadias – Recife/PE), Fernanda Rocha (Coletivo das Bicicletas – João Pessoa/PB) e Catarina Silver (Pedalzinho das Minas – Fortaleza/CE) e Márcia Menezes (Mobicidade – Salvador/BA) discutiram a bicicleta como ferramenta de empoderamento feminino e as diversas redes de sororidade que a magrela criou em todos os casos. Logo na sequência, a próxima Mesa discutia a Invisibilidade das Mulheres Negras e Bicicletas na Periferia, com Lívia Suarez (LaFrida – Salvador/BA), Raquel Souza (Ciclanas – Fortaleza/CE) e Yebá Ngoamãn (Cidade Bike – João Pessoa/PB) expondo que são nas periferias dos grandes centros urbanos que se concentram o maior números de ciclistas que utilizam a bicicleta como modal de transporte, mesmo com todas as dificuldades de se pedalar nessas áreas pela falta de infraestrutura adequada.
Pausa para o rango ;))) e volta com uma mesa sensacional falando sobre Acessibilidade (e bicicleta). Samuel Chaves, Igor Girão e Elione Sousa falaram de como é ser deficiente físico e/ou visual em Fortaleza, os desafios que enfrentam todos os dias. Muitas dificuldades são enfrentadas diariamente para se deslocar na cidade, segundo eles, as cidade é hostil e não precisa de adaptações e sim quebrar velhos paradigmas para refazer as estruturas para todXs. O Elione trouxe sua experiência com o desporto para(O)límpico e como a bicicleta ajudou a transformar sua história após um acidente. E finalizando essa mesa, tivemos o César Ricardo (Aracaju/SE) e Maria Gouveia (Campina Grande/PB), ambos do Bike Anjo, falaram como a bicicleta pode ser usada como ferramenta de inclusão e como a infraestrutura ciclovia contribui para acessibilidade nas cidades. Por fim, a Maria compartilhou as experiências de com a EBA Entre Todos, uma atividade onde a bicicleta é usada como ferramenta de inclusão em algumas cidades do Nordeste, com as sensacionais bikes ODKV, criando uma grande expectativa para um momento que seria vivido no último dia do FNEBici (detalhes já já).
Com todas as possibilidades que a bicicleta trás, os negócios ou ciclonégocios também foram apresentados durante o FNEBici. A Nathalia Saints (VEGordices – Recife/PE), Denis Sá (PedalBike – São Luiz/MA), Diego Hermys (Úrbici – Fortaleza/CE), Allan Araújo (Bitelli Bikes – Fortaleza/CE) e Mara Oliveira (Piccolore – Fortaleza/CE). Onde foram discutidos as possibilidades e os diversos segmentos de mercado que a bicicleta proporciona. E finalizando o segundo dia de Fórum, uma mesa com dados para embasar o cicloativismo, composta por Juliana Agra (Ciclomobilidade), Felipe Alves (Ciclovida) e Pedro Guedes e Victor Senna (Ameciclo), onde foram apresentadas como são realizadas contagens, mapeamentos, análises de dados e pedidos de informações, visando incentivar os coletivos a coletarem e analisarem dados embasando assim seus argumentos frente ao poder público.
O domingo começou com uma SUPER EBA, com presença de anjos de Aracaju, João Pessoa, Maceió, Natal, Recife, Salvador e, lógico, de Fortaleza, na Praça Luiza Távora. Mais de 50 pessoas atendidas e muitos sorrisos nos rostos de anjos e aprendizes. Nem tinha acabado a EBA quando a galera já se reunia para a Assembléia do FNEBici, a assembléia tinha 2 principais eixos de discussões: a frequência do FNEBici (anual ou bianual); e qual seria a próxima cidade a sediar o Fórum. Como orientação ao FNEBici foi decidido que sua frequência será bienal e que a próxima cidade sede será Maceió/AL! \o///
A segunda-feira começou com uma roda de meditação seguida por uma mesa fantástica sobre Maternidade e Bicicleta, com a presença da Manjari Ka (Fortaleza/CE), Mário Reginaldo (Fortaleza/CE) e Paty Sampaio (Recife/PE), que levou seus filhos Yago (12) e Nina (7), para participar da mesa e relatar todas as experiências, diversões, alegrias, dificuldades e como pedalar com os filhos pode ser determinante para mudança cultural com relação aos deslocamentos urbanos desde a infância.
Ainda na segunda-feira, tivemos um pedal cultural pela cidade, onde tivemos a oportunidade de conhecer a rica história da cidade de Fortaleza. Em paralelo, tivemos a realização da EBA Entre Todos e um pedal acessível pela cidade. A EBA Entre Todos é uma ação que nasceu no Bike Anjo Sergipe e hoje está se espalhando pelo Nordeste, cidades como Campina Grande/PB, Maceió/AL, Salvador/BA já estão mobilizadas para realização dessa ação. Essa atividade visa utilizar as Bikes ODKVs (bicicletas adaptadas) para proporcionar o prazer de pedalar a pessoas com algum tipo de limitação e/ou deficiência.
E para finalizar o dia e o FNEBici fomos para a Praia de Iracema onde vimos com extremo deleite o nascer da Super Lua e confraternizamos.