Relato pessoal do bike anjo JP Amaral
Bicicleta = FELICIDADE!
Essa foi a mensagem que captei da abertura de uma das principais conferências internacionais sobre bicicleta na Holanda, o Velo-city 2017, e vários/as bike anjos/as estiveram presentes. Leo Bormans foi quem trouxe essa mensagem com seu livro “O Livro Mundial da Felicidade” e, para ele, todos seus princípios para alcançar a felicidade podem ser traduzidos em único ato: pedalar!
Abertura do Velo-city 2017
O evento traz de tudo um pouco sobre bicicleta: discussões bem técnicas sobre planejamento urbano, dados e pesquisas fantásticas feitas por várias partes do mundo e, claro, muitas pedaladas pela Holanda para sentir na prática porque o país é exemplo em promover a bicicleta.
Pedalada de celebração da Velo-city 2017
Agora vamos ao “papo sério” do que aprendi com este evento:
- Chamar a indústria da bicicleta para se fortalecer e apoiar o advocacy da bicicleta é essencial para ganhar espaço para a bicicleta nas cidades do mundo. “Ajude-nos a combater o lobby do carro” foi o grande lema do secretário geral da ECF – European Cyclists’ Federaion, Bernhard Ensink.
- O velho discurso do orçamento, mas com novas comparações: Em Copenhague, foram investidos 128 milhões de euros em 12 anos para infraestrutura cicloviária, o que foi o custo de apenas 1 obra de via para carro no norte da cidade.
- Formas de participação social estão defasadas e já demonstraram não funcionar. Felizmente, um dos modelos fantásticos apresentado foi de Belo Horizonte com a Eveline Trevisan, o GT Pedala da BH Trans, por terem construído um processo aberto e informal de conversas para construir projetos juntos e ao mesmo tempo gerar mudança de comportamento. Precisamos renovar em como envolver a comunidade e co-criar (ex: BYPAD).
- Ainda sobre participação, ficou a mensagem de que envolver associações de bairro e outros atores que NÃO CICLISTAS significa não só ter mais apoio aos projetos cicloviários, mas já trazer potenciais ciclistas!
- O Brasil com certeza tem muito a ensinar
- Temos mais em comum com a África do que imaginamos. Uma pesquisa na África do Sul, por exemplo, demonstrou que existe o “Apartheid rodoviário”, onde comunidades desfavorecidas (e não coincidentemente compostas por pessoas da raça negra) são excluídas da cidade por sistemas de ruas que não as permitem acessar a cidade (foi usado como exemplo uma comunidade que leva 9 minutos a pé para atravessar uma via, enquanto que um condomínio fechado de classe alta tem acesso direto a todos os lados da via com facilidade).
- Foi muito forte a presença de técnicos/as das prefeituras, contando seus segredos de governança para convencer os/as políticos/as que vem e vão. Fundamental a sociedade civil apoiar e criar parceria com estes atores para que as políticas públicas para bicicleta permeiem os ciclos políticos de 4 anos.
- O Brasil estava EM PESO e temos muito o que compartilhar com o mundo da bicicleta! Foram 42 participantes, sendo 15 apresentações na programação só sobre e do Brasil! E o que isso quer dizer na prática? Quer dizer que conceitos já estabelecidos e padronizados na Europa foram muitas vezes superados ou surpreendidos por exemplos e dados brasileiros. E o mais importante….
O Velo-city 2018 vai vir (pela primeira vez na América Latina) ao RIO DE JANEIRO!! Nos vemos lá!
Veja mais algumas fotos da bagunça boa do Velo-city 2017:
Luud, criador das Bicicletas Brancas de Amsterdã, projeto do movimento Provos
Encontro Internacional do Bike Anjo com África do Sul e França!
Parte da delegação brasileira (foto: Renata Falzoni)
*Todas as fotos não sinalizadas são de autoria do autor