Sobre Bangalore, vacas e bicicletas

Bangalore é a maior cidade do estado de Karnataka, fica localizada no Sul da índia, tem uma população com mais de 8 milhões de pessoas e  é considerada uma das melhores cidades para se viver no país. Além disso Bangalore tem um grande pólo tecnológico e de oportunidades. Muitas pessoas saem de suas cidades natais e migram para cá em busca de emprego.

Por conta desse cenário, Bangalore também tem uma grande quantidade de ONGs, Fundações, Negócios Sociais. Essas instituições têm papel fundamental na sociedade indiana, há escolas que recebem mais de três projetos sociais para capacitar e melhorar a qualidade de vida de crianças que vivem em comunidades, por exemplo. Outro fator que contribui para esse cenário se dá por conta de uma lei que existe no país:  empresas que lucram mais de 500 mil dólares são obrigadas a doar 2% do seu lucro para organizações da sociedade civil. Diante disso, o ecossistema da organização da sociedade civil é efervescente na cidade/país.

Tive contato com algumas iniciativas que querem mudar a forma de viver numa cidade grande, que utilizam alguns temas para conscientizar a sociedade usando o direito à cidade, ocupação do espaço público como pano de fundo para ações, atividades e intervenções.

A Citizens for sustainability realiza atividades em ruas abertas da capital. Fui convidada pelo Bicycle Mayor de Bangalore, que também faz parte da Citizen for sustainability, a participar de um evento numa rua aberta da cidade, o evento é itinerante, por conta disso todo domingo uma rua da cidade é fechadas para carros, motos e tuque tuques. É momento de pedalar, interagir e ocupar a cidade.

Para engajar o público, medalhas são distribuídas ao final de uma pedalada pelo bairro, enquanto isso acontecem atividades na rua, para crianças e adultos. Teve até bolo!

Tudo é promovido de forma voluntária e gratuita.

A Drum Jam me fez relembrar do Bike Anjo. Embaixo da estação de metrô há um parque linear com artes, exposições e atividades para a população.

Aos domingos acontece uma escola para ensinar pessoas a tocarem instrumentos de percussão. Após a oficina o som rola solto.

Pedalar em Bangalore

Pedalar por aqui parece uma tarefa difícil, mas a sensação de segurança é maior por causa da velocidade, o grande fluxo de veículos não permite acelerar tanto, por isso há uma sensação de segurança maior. O compartilhamento de espaço aqui é ilimitado! Não há separação para ônibus, carros nem vacas.

A infraestrutura para carros é melhor do que para pedestres o que deixa a trajetória mais agradável comparada ao ato de caminhar. Na cidade é comum ver senhores pedalando com bicicletas antigas, é comum ver o empreendedorismo com a bicicleta por aqui, muitos vendem comida de rua utilizando a bicicleta como suporte.

Furou o pneu? Não precisa ir à bicicletarias, nas calçadas da cidade você encontra pessoas que reparam sua bicicleta por 10-20 rúpias (algo em torno de R$2).

Por conta do clima seco e quente em conjunto com os milhares de tuque tuque, carros e ônibus a cidade tem uma péssima qualidade do ar, o que torna a pedalada mais cansativa.

Bangalore me ensinou muita coisa em relação a mobilidade urbana, mas em outras questões: quando você sai do seu país é inevitável querer comparar as qualidades e defeitos de cada cultura, de cada jeito de viver. Levo de aprendizado que  não dá para comparar cenários, e sim apreciar as diferenças, a diversidade de modos de fazer é um ótimo laboratório de aprendizado.



Tina Horvath está morando em Bangalore, na Índia há 2 meses, cursando a pós-Graduação em Gestão em Inovação Social.

 

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